Vinte e três... Essa é a idade que a
maioria de nós se forma em um curso superior (maioria que teve esta
oportunidade). Mas não é em absoluto. Alguns se formam mais cedo, outros mais
tarde, e, como mencionado anteriormente, outros sequer passam por esta
experiência. Contudo, esta é a idade pela qual estou passando por isto. Esta
idade é apenas uma metáfora para o sentimento que se apossou de mim.
Estou prestes a receber meu diploma em
Direito. Em alguns dias me tornarei um bacharel. E em que isso me afeta?
Simplesmente em tudo. A partir de agora é pra valer. Não existe mais aquela
vida de estudante, despreocupados com a vida, enxergando o futuro de longe, sem
expectativa que ele venha tão cedo. Não existe mais. O futuro chegou. E agora?
O que eu vou fazer? Antes de responder esta pergunta, é necessário olhar um
pouco para meu passado recente, mais precisamente para os 5 anos que passei na
academia.
Foram 05 anos estudando, assistindo
algumas aulas, outras não, jogando truco (quase todo dia) e de vez em quando
uma “sinuquinha”. Provas difíceis, provas fáceis, provas que nem dava para
definir a dificuldade. Trabalhos e mais trabalhos, seminários e provas orais.
Prática jurídica, em que sentávamos para fazer peças de frente o computador e
logo já abríamos o site da globo, uol, terra, entre outros. Mas sempre (quase
sempre) entregávamos tudo a tempo. Estágios em escritórios ou nos Fóruns do TJ.
TCC desgastante, mas na hora que recebemos a nota e percebemos que fomos
aprovados, nos sentimos revigorados. E assim foi a vida acadêmica.
Paralelamente, alguns de nós aprenderam
a beber, se divertir, se esbaldar em boates, churrascos, bares e festas.
Aproveitando a juventude. Foram muitos filmes assistidos no cinema, muitos
restaurantes e bares frequentados, e muita música sertaneja ouvida.
Eu nunca me interessei por esse tipo de prazer. Sempre tentei buscar meu
prazer nas coisas do Senhor, mas o que eu realmente aprendi a gostar, enquanto
na faculdade, foi a apreciar as minhas amizades. Quantas vezes eu ia à aula
apenas para encontrar aquela galera de novo, e me divertir, falar besteira,
brincar como crianças (por exemplo, escondendo a carteira ou material dos
amigos). Não peco em dizer que aprendi a amar meus 5 anos de faculdade. E a
razão maior foram vocês, meus amigos.
Eu estava feliz. Mas agora cheguei aos
vinte e três anos de idade. E essa fase da minha vida passou. Sou grato a todos
vocês que me ajudaram a passar por essa etapa. Mas agora eu estou sozinho. E me
deparo com os reais significados dos vinte e três anos.
Agora que estou a me formar, vejo o
futuro batendo na minha porta. E não sei bem responder a isso. Um bacharel em
direito não é basicamente nada. Preciso da carteira da OAB para advogar, e as
outras áreas eu necessito de concurso. Mas o que será que eu quero fazer agora?
Qual o caminho que tenho q seguir?
Este é o abismo em que me encontro.
Nesta idade alguns de meus amigos já estão perseguindo o alvo que eles
traçaram. Uns já até estão prontos para iniciar uma família. Outros ainda querem
aproveitar um pouco da juventude, se é que vocês me entendem. Mas uma coisa é
fato: não somos mais universitários. Alguns já empregados possuem
responsabilidades consigo mesmo, com seus colegas de serviço, chefes e
subordinados, e alguns ainda possuem responsabilidade com o cliente.
Mas se para alguns o futuro já é claro
como o dia, por que para mim é tão escuro? Por que eu me deparo com esse
dilema?
Eu não sei pra onde devo ir. Não sei
qual caminho escolher. Eu não sei se estou pronto para as responsabilidades dos
vinte e três anos, mas não cabe a mim reclamar. Isso não me trará nada além de
pesar. Chegou a hora de agir, não importa para onde seja, tenho que começar a
caminhar.
Para aqueles que sentem o mesmo que eu,
não precisam se desesperar. Eu não o fiz (ainda não). Mesmo que tenha uma
fumaça que te impeça de ver o que está pela frente, eu tenho uma solução. É a
solução que eu resolvi adotar.
Não caminhe, corra. E corra para a
direção do Pai. Todo esse desespero, essa insegurança, esse receio de crescer,
tudo isso é reflexo de não ter tomado minhas decisões passadas pelo crivo do
Senhor.
Não há nada mais desesperante que estar
longe da vontade de Deus. Aprendi isso da maneira mais difícil. Mas aprendi.
Agora sei que eu não tenho q decidir nada na minha vida. Eu sou um mero servo,
que nada sabe sobre o mundo lá fora. Mas eu tenho um Deus que sabe o melhor pra
mim. Que tem um plano para me usar, e estando no centro da vontade dele, sei
que vou sentir uma paz que palavras não podem descrever.
Agora já estou entregue a este Deus.
Nada mais me importa. Profissão, emprego, namorada ou casamento, moradia, nada
mais me tira o sono. A companheira que preciso, ou o mestrado que eu quero.
Nada mais me importa, pois eu sei em Quem tenho crido, e estou bem certo que é
poderoso.
Eu não quero ter vinte e três anos. Eu
não queria passar por isso. Eu nunca quis agir de acordo com minha idade. Eu
ainda quero voltar àquela vida de universitário. Mas não importa o que eu quero
mais. Eu quero é Deus. Que ele faça de mim o que Lhe aprouver. Porque a paz que
eu sinto n’Ele é abundante, de tal forma que não quero jamais me desviar dos
seus caminhos. Que venham as escolhas. Que venham as oportunidades. Estou
pronto para enfrenta-las. Não por minhas forças, mas pela graça de Deus e amor
de Jesus Cristo. Pai, faze de mim o que te apraz. E que quando eu tiver vinte e
quatro anos, possa eu olhar para os meus vinte e três e sorrir, lembrando que
foi necessário passar por tudo isso, para que o Senhor me moldasse na pessoa
que tu queres que eu seja. A melhor pessoa que eu poderia ser.
Eu cresci. Hoje eu não sou o mesmo
menino que era quando completei os vinte e três anos de idade. Hoje tenho vinte
e três anos de idade.