segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

EpiZódio 06 - "Vinte e Três"

Vinte e três... Essa é a idade que a maioria de nós se forma em um curso superior (maioria que teve esta oportunidade). Mas não é em absoluto. Alguns se formam mais cedo, outros mais tarde, e, como mencionado anteriormente, outros sequer passam por esta experiência. Contudo, esta é a idade pela qual estou passando por isto. Esta idade é apenas uma metáfora para o sentimento que se apossou de mim.
Estou prestes a receber meu diploma em Direito. Em alguns dias me tornarei um bacharel. E em que isso me afeta? Simplesmente em tudo. A partir de agora é pra valer. Não existe mais aquela vida de estudante, despreocupados com a vida, enxergando o futuro de longe, sem expectativa que ele venha tão cedo. Não existe mais. O futuro chegou. E agora? O que eu vou fazer? Antes de responder esta pergunta, é necessário olhar um pouco para meu passado recente, mais precisamente para os 5 anos que passei na academia.
Foram 05 anos estudando, assistindo algumas aulas, outras não, jogando truco (quase todo dia) e de vez em quando uma “sinuquinha”. Provas difíceis, provas fáceis, provas que nem dava para definir a dificuldade. Trabalhos e mais trabalhos, seminários e provas orais. Prática jurídica, em que sentávamos para fazer peças de frente o computador e logo já abríamos o site da globo, uol, terra, entre outros. Mas sempre (quase sempre) entregávamos tudo a tempo. Estágios em escritórios ou nos Fóruns do TJ. TCC desgastante, mas na hora que recebemos a nota e percebemos que fomos aprovados, nos sentimos revigorados. E assim foi a vida acadêmica.
Paralelamente, alguns de nós aprenderam a beber, se divertir, se esbaldar em boates, churrascos, bares e festas. Aproveitando a juventude. Foram muitos filmes assistidos no cinema, muitos restaurantes e bares frequentados, e muita música sertaneja ouvida.
  Eu nunca me interessei por esse tipo de prazer. Sempre tentei buscar meu prazer nas coisas do Senhor, mas o que eu realmente aprendi a gostar, enquanto na faculdade, foi a apreciar as minhas amizades. Quantas vezes eu ia à aula apenas para encontrar aquela galera de novo, e me divertir, falar besteira, brincar como crianças (por exemplo, escondendo a carteira ou material dos amigos). Não peco em dizer que aprendi a amar meus 5 anos de faculdade. E a razão maior foram vocês, meus amigos.
Eu estava feliz. Mas agora cheguei aos vinte e três anos de idade. E essa fase da minha vida passou. Sou grato a todos vocês que me ajudaram a passar por essa etapa. Mas agora eu estou sozinho. E me deparo com os reais significados dos vinte e três anos.
Agora que estou a me formar, vejo o futuro batendo na minha porta. E não sei bem responder a isso. Um bacharel em direito não é basicamente nada. Preciso da carteira da OAB para advogar, e as outras áreas eu necessito de concurso. Mas o que será que eu quero fazer agora? Qual o caminho que tenho q seguir?
Este é o abismo em que me encontro. Nesta idade alguns de meus amigos já estão perseguindo o alvo que eles traçaram. Uns já até estão prontos para iniciar uma família. Outros ainda querem aproveitar um pouco da juventude, se é que vocês me entendem. Mas uma coisa é fato: não somos mais universitários. Alguns já empregados possuem responsabilidades consigo mesmo, com seus colegas de serviço, chefes e subordinados, e alguns ainda possuem responsabilidade com o cliente.
Mas se para alguns o futuro já é claro como o dia, por que para mim é tão escuro? Por que eu me deparo com esse dilema?
Eu não sei pra onde devo ir. Não sei qual caminho escolher. Eu não sei se estou pronto para as responsabilidades dos vinte e três anos, mas não cabe a mim reclamar. Isso não me trará nada além de pesar. Chegou a hora de agir, não importa para onde seja, tenho que começar a caminhar.
Para aqueles que sentem o mesmo que eu, não precisam se desesperar. Eu não o fiz (ainda não). Mesmo que tenha uma fumaça que te impeça de ver o que está pela frente, eu tenho uma solução. É a solução que eu resolvi adotar.
Não caminhe, corra. E corra para a direção do Pai. Todo esse desespero, essa insegurança, esse receio de crescer, tudo isso é reflexo de não ter tomado minhas decisões passadas pelo crivo do Senhor.
Não há nada mais desesperante que estar longe da vontade de Deus. Aprendi isso da maneira mais difícil. Mas aprendi. Agora sei que eu não tenho q decidir nada na minha vida. Eu sou um mero servo, que nada sabe sobre o mundo lá fora. Mas eu tenho um Deus que sabe o melhor pra mim. Que tem um plano para me usar, e estando no centro da vontade dele, sei que vou sentir uma paz que palavras não podem descrever.
Agora já estou entregue a este Deus. Nada mais me importa. Profissão, emprego, namorada ou casamento, moradia, nada mais me tira o sono. A companheira que preciso, ou o mestrado que eu quero. Nada mais me importa, pois eu sei em Quem tenho crido, e estou bem certo que é poderoso.
Eu não quero ter vinte e três anos. Eu não queria passar por isso. Eu nunca quis agir de acordo com minha idade. Eu ainda quero voltar àquela vida de universitário. Mas não importa o que eu quero mais. Eu quero é Deus. Que ele faça de mim o que Lhe aprouver. Porque a paz que eu sinto n’Ele é abundante, de tal forma que não quero jamais me desviar dos seus caminhos. Que venham as escolhas. Que venham as oportunidades. Estou pronto para enfrenta-las. Não por minhas forças, mas pela graça de Deus e amor de Jesus Cristo. Pai, faze de mim o que te apraz. E que quando eu tiver vinte e quatro anos, possa eu olhar para os meus vinte e três e sorrir, lembrando que foi necessário passar por tudo isso, para que o Senhor me moldasse na pessoa que tu queres que eu seja. A melhor pessoa que eu poderia ser.
Eu cresci. Hoje eu não sou o mesmo menino que era quando completei os vinte e três anos de idade. Hoje tenho vinte e três anos de idade.